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CUPRA CITY GARAGE LISBOA

05 - 26.05.2022

CUPRA, Lisboa

Exposição a convite da State of Art.

Agradecimentos a Astrid Sauer e Sandra Mateus.

A CRISE DA FILHA DE ICÁRIO

 

É tão difícil querer
Mas querer só a brincar
Que continuo a tecer
Para um sudário dar


Renda boa leva tempo
Paciência sem contratempo
Buracos tenho nas minhas
São bonitas traças nas entrelinhas


Desmama o vício
Ousa contrariar
Lavandula é feliz
Se não deixares pisar


Luxo é ser dono de sí
Para não vacilar
Eu quero é um camponês
Que disfarçado me deixe ousar

Que luxo é sermos donos de nós. Fomos abençoados com o dom da razão. Que privilégio é termos o controlo da nossa vida, das nossas acções. A fragilidade da mente humana por vezes bloqueia o uso desta nossa capacidade, somos presos pela mera satisfação, pelo conforto, pela perigosa rotina. A rotina cega. Podemos sim mudar, podemos sim ousar. Ousemos ser.
 

De pé atrás enganamos as intenções. Pior vício do que os clássicos é permanecer na verdade do outro. Verdades. Um conceito que dizem depender da perspectiva. E que tentadora é a tua óptica. Seria o ideal. Seria o conto.
 

Felizmente não tecemos para evitar.
Gratamente não há nada para pisar.
Afortunadamente e acompanhados, creio, de sensatez, gozamos a dádiva que nos foi confiada e somos.

 

A exposição “A crise da filha de Icário” visa demonstrar exactamente isso. Dois lados, duas perspectivas. A dualidade da incerteza. Em estruturas de ferro – o tear moderno – suspendemos o lúcido e fiamos o receio.
 

Três obras, seis faces.

Ana Malta

Maio 2022

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