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PENDURADA

09.11 - 02.12.2023
Passevite, Lisboa

Estou pendurada….

…na indecisão entre a razão e a emoção. Dentro de um armário familiar, sou uma roupa num cabide, sou um momento íntimo de incerteza, uma escolha rápida, normalmente pouco pensada, para vestir alguém que eu não penduro, muito menos de manhã.

 

 

Deixei pendurado…

…em dimensões pequenas. Dá-me neura esta ausência de espaço. Criação minha não deve ser posta em suspenso. Incompreendida, faltam-me soluções. Trabalho o desconforto e tento estar presente.

 

 

No lugar do pendura…

…fico com sono. O carro precisa de direcções. Tenho em mim todos os caminhos do mundo e sei para onde ir. Entediada sem resposta, fico confusa, enjoada, indisposta. Já ninguém usa mapas.

Quantas maneiras existem de nos deixarem pendurados?
O confronto é a exposição da vulnerabilidade. O confronto é uma prenda honesta. A ausência de resposta afeta a nossa importância. Que receio é este, que nos dá poder com a agitação do outro?
Penduramos indiferenças, egos, ausências.

 

Quantas vezes o fazemos a nós próprios?
A nossa identidade esquecida como roupa antiga. Tenho longos estendais de assuntos pendurados.
As molas agarram tudo o que lá estendo: tempo, escolhas, vontades.

 

Ana Malta, Novembro 2023

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