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VÊS. TRÊS :: PAPEL DE PAREDE

02. — 21.06.2021 (excepto feriados, fins-de-semana e dia 18 de Junho)

Espaço Cultural Mercês, Lisboa

 

 

"Num rolo comprido estendido no chão três corpos encontram-se sentados, agachados, ajoelhados, próximos, afastados, mas nunca muito afastados pois todos eles precisam um do outro para se tornarem uno, nesse quase jogo em que são únicos de intenção e despojados de ego individual. 

É uma catarse colectiva a que é criada entre a intenção e a experimentação. Um  jogo em que as regras vão sendo escritas individualmente e à medida que cada uma vai pintando, sempre ao mesmo tempo das outras. Nasce morre, morre renasce. O quê? Um pintura colectiva que nasce em spray, acrílico, pastel seco, pastel de óleo e esmalte e que diz coisas separadas e misturadas onde algumas anulam outras como num choque cósmico de matéria pictórica em ebulição e colisão que tanto mata como cria. Ali, naquele rolo comprido e estendido no chão, “nada se perde, tudo se transforma”. Transforma em mensagens directas ou subliminares, e que serão novamente separadas ao estarem disponíveis a metro como se fosse um simples papel de parede, tecido, outro material, ou até mesmo o valor de uma casa repartida e avaliada em metros quadrados. É assim a arte que elas pretendem fazer daquele rolo, arte ao metro quadrado, pedaços de ideias das três em coloridas pinturas abstractas ou figurativas ou ambas mas levadas como se fosse uma matéria barata comprada num qualquer armazém de retalho.

 

Pode a pintura ser assim? Pode, tudo é possível na practica artística, até a sua falsa desvalorização. O Dadá mostrou isso, a Arte Povera, os métodos da Arte Pop de repetição, cópia e vulgaridade. Neste rolo temos um pouco disso tudo, de Pop, de Neo Dadá (pela provocação e como se fosse um falso “cadravre exquis”), de Expressionismo Abstracto a lembrar um daqueles enormes lofts nova iorquinos, e um mural, sim, um mural que será desmontado tal Muro de Berlim e vendido em peças. 

O valor da arte, o valor das coisas da vida, das casas, de tudo. O valor da arte feita pelas três artistas que questionam-se e afrontam o público não habituado a essa falsa desvalorização. Neste intangível mundo experimental o foco é realmente apelar ao justo - ao acessível - tanto no meio artístico-cultural como no estilo de vida que cada um de nós vive."

 

Leonel Ventorim

Maio, 2021

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